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ENERGIA PARA O CRESCIMENTO DE QUEM?
 
O Governo brasileiro está empenhado no PAC (Plano de Aceleração do Crescimento), que é um plano de crescimento econômico e não, necessariamente, de desenvolvimento. Este modelo produtivista, nos moldes da década de 70, quando da tecnocracia dos governos militares, produz concentração de capital, maior desigualdade, desemprego e exclusão social, pela automação crescente (máquina no lugar de pessoas). Para tanto, recorre ao aumento da produção de energia, sem limites e a qualquer custo (grandes hidrelétricas e termelétricas a carvão ou usinas nucleares), sem privilegiar energias mais limpas como a eólica (dos ventos), a solar, e as pequenas usinas hidrelétricas. Esta estratégia pelo “grande”  não é só do Brasil. É uma imposição tecnológica dos gaúdos que comandam a economia mundial globalizada.

Porém, para que e para quem essa energia está sendo gerada? A maioria dos projetos de produção energética do governo provém de empresas privadas, e são gigantescos (mega-usinas) direcionados para a indústria chamada eletro-intensiva (que usa muita energia): ex. cimento (Votorantim, Camargo-Correa, etc.), alumínio (Alcoa, CBA, etc.), celulose (Votorantim, etc.), aço, dentre outros produtos, quase todos para a exportação.
 
Ocorre que a geração de energia de forma MEGA resulta em MEGA degradação ambiental e social (desalojando muitas pessoas atingidas por barragens, etc.), o que os países ricos não querem mais. Exemplos são as hidrelétricas atuais e as planejadas para o rio Uruguai e as pretendidas para a Amazônia, onde vive o boto-cor-de-rosa. Atualmente já são mais de um milhão de desalojados no Brasil. Na Amazônia a destruição das matas ciliares, a erosão na beira das barragens e o alagamento de dezenas de áreas indígenas poderá ser trágico. Assim, as grandes empresas produzem energia aqui e exportam os lucros. A perda da natureza (=biodiversidade) e a degradação ficam aqui e o lucro vai pra lá.
 
No RS, o governo Lula, por meio do Ministério de Minas e Energia e da Casa Civil, está querendo tocar goela abaixo dos gaúchos vários projetos de hidrelétricas do PAC, inviáveis do ponto de vista social (expulsão de populações ribeirinhas) e da biodiversidade (perda de peixes como o dourado e de habitats de pumas, jaguatiricas, porco-do-mato, etc.). Para tanto, atropela o Ministério de Meio Ambiente e ameaça com usinas nucleares. No RS, muito do que sobrou da Mata Atlântica está no vale dos rios da Bacia do Uruguai, justamente onde querem muitas hidrelétricas.
 
Entre mais de 20 grandes hidrelétricas planejadas para a Bacia, uma delas é a de Pai Querê, entre Bom Jesus, Lages e São Joaquim, que, se construída, poderá afogar, para sempre, com 3.940 hectares (quase 4 mil campos de futebol) de florestas com Araucária, e ainda por cima na Área Núcleo da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica (Patrimônio Mundial - UNESCO). A obra, mesmo sem licença, é considerada prioritária para o PAC e pelo Governo Yeda.

A má localização e o grande porte dos projetos de geração de energia, além do baixo retorno em desenvolvimento para a população gaúcha e brasileira, são questões que não aceitamos. A capacidade de geração de energia de forma inteligente, com maior eficiência em seu uso, com ajustes nas hidrelétricas existentes e maior economia, substituindo-se lâmpadas incandescentes, chuveiros elétricos, por tecnologia de conservação pode reduzir entre 30% a 50 % do gasto atual de energia. Entretanto, as soluções mais sustentáveis não interessam ao governo pois este é refém de um modelo insustentável onde a conservação não visa o lucro das grandes empresas, as quais muito  colaboraram com as campanhas eleitorais...

Neste sentido, além de fazemos o “tema de casa”, diminuindo o desperdício de energia, devemos refletir e combater este modelo suicida de produção e consumo que alimenta a expansão ilimitada do Capital, responsável pelas mudanças climáticas, pelos danos à biodiversidade e pela exclusão e tragédia social de nossos dias.


Para saber mais, acesse www.inga.org.br.