Biodiversidade que se come: frutas nativas do Rio Grande do Sul e hortaliças não convencionais foram festejadas no último sábado, 15

  • Postado em 22/12/2012   por: Admin   Categoria:


Celebrar a biodiversidade foi o objetivo da I Mostra Biodiversidade pela Boca, promovida pelo InGá com o apoio do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). E certamente a intenção foi alcançada durante o evento que aconteceu no último sábado,15, na Feira da Cultura Ecológica do Menino Deus em Porto Alegre. Inúmeras pessoas circularam pelas bancas que compunham a Mostra. Os olhares curiosos e a satisfação de experimentar os sabores da nossa agrobiodiversidade ficaram evidentes e concretizaram o ideal da Mostra.

Sucos de amora, butiá, guabiroba, ananás vieram de Antônio Prado; leites vegetais de girassol, gergelim e noz pecan, de Porto Alegre; polpa da juçara e o milho crioulo do Litoral Norte. Pães de plantas alimentícias não convencionais (Pancs). Sementes. Mudas nativas. Suco verde. Diálogos, trocas de experiências e conhecimentos. Foram diversos os elementos que compunham a Mostra e construíram um espaço rico de pensamentos e sabores.

A artista visual, Fátima Lopes, teve a oportunidade de experimentar a polpa da juçara, que ela não conhecia e sequer tinha ouvido falar. A juçara, palmeira nativa da Mata Atlântica, fornece um alimento altamente nutritivo, uma polpa semelhante a do açaí. Lucas Nascimento, da Associação Içara de Maquiné/RS, ficou satisfeito com o seu trabalho na Mostra. “É bacana mostrar todo o processo, como é despolpar, se não fica sempre aquela coisa industrial e as pessoas não sabem de onde vêm as coisas”. Além do Lucas, a equipe que veio de Maquiné contou também com Rafael Panniz e Juliana Marasi, todos da Biologia da UFRGS e trouxe consigo uma despolpadeira fabricada na Amazônia. Em plena Mostra fez, junto com o público, todos os passos da despolpa dos frutos da juçara até sua degustação.

A estudante de biologia, Sara Stumpf, trouxe pães feitos de Pancs. Foi o de Ora-pro-nobis que mais saiu. Para ela a Mostra foi muito importante, pois é uma maneira de trazer o conhecimento gerado na universidade, com pesquisas relacionadas às plantas nativas, para o grande público. “A gente pesquisa lá para trazer o conhecimento para cá”, comenta Sara. Os pães também foram degustados juntamente com maionese de Pancs e pasta de nozes com beldroega, preparadas pelos culinaristas da Comuna do Arvoredo, comunidade urbana onde se localiza a sede do InGá.

Os culinaristas Mateus Raymundo, Lívia Braga e Paulo Bettanzos, preparam sucos, pastas e leites da terra, alimentos de origem vegetal que libertam o consumidor dos químicos da indústria do alimento. Os leites de gergelim, noz pecan e girassol surpreenderam os participantes da Mostra por seu gosto rico e também a sua origem. Os culinaristas ainda fizeram para degustação o alimento quiçá mais antigo das Américas, o beijú que é feito com mandioca ralada direto na chapa quente, sem sal ou qualquer tempero. Apesar da simplicidade no preparo, o beijú surpreendeu pelo sucesso entre o público da Mostra: todos queriam repetir a degustação.

A Mostra que ocorreu ao lado da Feira da Cultura Ecológica do Menino Deus em Porto Alegre, também chamou atenção de um grupo de voluntários que sempre participa da Feira levando ao público o suco verde. Vendo a movimentação eles também se agregaram ao espaço.

O milho crioulo também esteve Mostra. O agricultor de Terra de Areia, Rodrigo Wolf, levou espigas do milho arco-íris e a farinha feita a partir deste cereal. “O pessoal se interessou bastante pela produção de farinha diferenciada, a farinha do milho colorido”, comenta o agricultor. O milho crioulo produzido por Wolf é de origem tupi. É denominado milho arco-íris, pois são plantadas todas as cores do cereal em um mesmo local e cada vez mais as variedades de milho se misturam, criando novas cores a cada nova safra.

A importância desse tipo de evento foi comentada por Lori La Porta, agrônoma de Vera Cruz, integrante daONG Resgatando o Futuro da Biodiversidade (BioFuturo), como um espaço para o consumidor conhecer novas opções e querer buscar alternativas de alimentação. Além de ser uma oportunidade de os jovens conhecerem, também é de os mais velhos se religarem a suas raízes, “eles perderam o vinculo com a terra, hoje a lavoura deles é o supermercado”, comenta Lori.

Para a vice-coordenadora do InGá Claudine Abreu o evento cumpriu o objetivo proposto: ser um espaço educativo, de potencial transformador, que possibilitou trocas de experiências e novos contatos entre os participantes, além de instigar a discussão sobre a produção e o consumo dos alimentos. “ É preciso diversificar a alimentação agregando no dia-a-dia alimentos regionais, livres de venenos e não transgênicos. Esperamos repetir o evento em 2013!”

A Mostra teve o apoio financeiro do MAPA e vai ter uma segunda edição em meados de março, com as safras de araçá e butiá.

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