IMPACTOS DE NOVAS SEMENTES TRANSGÊNICAS SOJA E MILHO
- Postado em 08/07/2014 por: Admin Categoria:
A Câmara Técnica de Agroecologia – CTAGRO/CEDRS – SDR tem como uma de suas pautas o problema da contaminação das sementes crioulas por sementes geneticamente modificadas e o impacto ambiental dos agrotóxicos agravados com o uso dessa tecnologia.
Na reunião do GT RECURSOS GENéTICOS/SEMENTES CRIOULAS EM 26 DE JUNHO, EM SANTA CRUZ DO SUl, tendo-se discutido o preocupante fato de que diversas empresas submeteram à análise da CTNBio eventos de milho e soja tolerantes ao herbicida 2,4 D, tomou-se como encaminhamento enviar um documento de alerta para associações e cooperativas de agricultores que cultivam espécies dicotiledôneas (frutíferas, silvícolas, fumo, erva-mate, etc) e que podem ser afetados por esta medida.
Nesse sentido, solicitou-se aos presentes que enviassem o referido documento às associações e cooperativas do seu âmbito de atuação.
Desta forma, além das entidades presentes na reunião, ASCAR/EMATER (Esreg Soledade e EM Ibarama), CAPA São Lourenço do Sul e Santa Cruz do Sul, UERGS Santa Cruz do Sul, UNAIC, MPA, PGDR/UFRGS, CPOrg-RS/MAPA, também está sendo encaminhado o documento para o Departamento de Cooperativismo/DCOOP e Departamento de Desenvolvimento Agrário, ambos da Secretaria de Desenvolvimento Rural, Pesca e Cooperativismo – SDR para envolverem o maior número de entidades que podem ser prejudicadas.
Isto posto, passamos as seguintes considerações:
1 – A CTNBio está avaliando cinco variedades de milho e soja tolerantes ao 2,4-D e outros herbicidas (Haloxifope, glifosato, glufosinato, …), em diferentes combinações com o primeiro. A liberação pode ocorrer ainda nesta próxima safra.
2 – O 2,4-D, componente importante do agente laranja utilizado no Vietnan, onde ainda hoje se manifestam problemas de nascimentos defeituosos em função de seu uso como arma de guerra nos anos 1960, é conhecido por sua alta toxicidade, agravada pela capacidade de dispersão e deriva. Nos EUA, atualmente, a maior parte dos problemas entre vizinhos decorre da dispersão de partículas de 2,4-D, em que pese as empresas afirmarem que as novas moléculas não causam o mesmo nível de riscos (seriam menos voláteis).
3 – As novas formulações são mais caras. As formulações mais baratas, além do problema da deriva contém resíduos de dioxinas, considerados os mais tóxicos e perigosos dos compostos já desenvolvidos pela química. O volume de agrotóxicos contrabandeados, sem controle algum, utilizado no Brasil é desconhecido, sabendo-se apenas que sua utilização decorre do interesse na redução de custos por parte dos produtores. O ingresso irregular desses produtos agrava o controle dos riscos associados as dioxinas.
4 – A liberação de milho e soja tolerantes ao 2,4-D estimulará o uso deste herbicida e todos os problemas a ele associados. Nos EUA, a estimativa é de que cresça trinta vezes o volume consumido de 2,4-D após a liberação de plantas da tecnologia ENLIST (da DOW, envolvendo plantas tolerantes ao 2,4-D). No Brasil, onde a tecnologia ENLIST visa resolver problemas de ineficácia da tecnologia RR (da Monsanto, envolvendo plantas tolerantes ao glifosato) o aumento no consumo de 2,4-D, no caso das novas sementes ocuparem cerca de 30% da área cultivada com soja RR, ficará perto dos 2,4 milhões de litros de 2,4-D. A estimativa da DOW é que após a liberação das sementes transgênicas tolerantes ao 2,4-D a tecnologia ENLIST ocupa 60% da área de soja cultivada no Brasil. Sem considerar, o milho e o algodão transgênicos tolerantes ao 2,4-D estimulando, ainda mais, aplicações deste herbicida.
Tendo em vista o exposto, entendemos ser importante que os agricultores sejam alertados e que possamos demonstrar, aos diferentes órgãos envolvidos, o número de agricultores que podem sofrer impactos com a liberação destes cultivares. Nesse sentido, também é importante que cada parceiro registre para quais associações/cooperativas este documento será enviado.
Att,
GRUPO DE TRABALHO RECURSOS GENéTICOS E SEMENTES CRIOULAS CâMARA
TéCNICA DE AGROECOLOGIA – CTAGRO Conselho Estadual de Desenvolvimento
Rural Sustentável – CEDRS Secretaria de Desenvolvimento Rural, Pesca
e Cooperativismo do Estado do Rio Grande do Sul – SDR-RS Av. Praia de
Belas, 1768 Bairro Praia de Belas Porto Alegre-RS CEP:
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