Curso de Educação Ambiental encerra, vontade de mudar continua

  • Postado em 09/10/2012   por: Admin   Categoria:

Sintonia de pensamentos e anseio de fazer, nos olhares, o mesmo desejo de mudar. Professores da rede municipal de Porto Alegre estiverem reunidos no último dia 26 para o encerramento do curso “Reinventando o Espaço Escolar”.  A edição deste ano, que iniciou no dia 29 de agosto, teve como tema “Agroecologia e Alimentação Saudável” e foi resultado de um a parceria entre o Instituto Gaúcho de Estudos Ambientais (Ingá); Instituto Arca Verde, e Assessoria de Educação Ambiental/SMED.

O dia do encerramento começou cedo para os professores, desde as 14h, participaram de diversas atividades na sede do InGá e na comunidade urbana do Arvoredo. O educador Mateus Raymundo que faz parte do coletivo Camboim, apresentou o pátio da comunidade ao pessoal do curso. Sistema de contenção de terra construído com podas de figueira, com Inhames plantados, mais bertalha, beldroega, batata cará , cerejeira gaúcha, pitangueiras, plantas nativas que também podem povoar as hortas das escolas, foram desvendadas pelos educadores. “É preciso ter sensibilidade e perceber o que o terreno pode oferecer” alertou Mateus, para os professores que irão as suas escolas cheios de idéias.
Lívia Braga, também educadora do Camboim, sensibilizou o grupo mostrando e explicando os processosde fabricação de artigos de higiene pessoal e cosméticos, a partir de ingredientes naturais. No laboratório, onde Lívia trabalha, a energia envolveu as professoras para percepção do seu Eu feminino. Lívia contou um pouco de suas motivações para iniciar a alquimia que a princípio foi para suprir necessidades pessoais e hoje se expande para a comunidade e agrega mais pessoas no processo. Os produtos foram vários, mas as professoras ficaram especialmente animadas ao experimentar o batom vermelho feito de mel e pó de rosas.

Na estufa que se localiza nos fundos da sede do InGá, Claudine Abreu vice-coordenadora da ONG que também trabalha no Projeto Pró-Frutas Nativas de Porto Alegre, mostrou aos professores técnicas de repicagem e produção de mudas. Falou sobre o ora-pro-nobis, araçá, tomate arbóreo e também ensinou a fazer uma mini-estufa, com uma embalagem de plástico.

O banco de sementes do InGá causou bastante entusiasmo quando foi apresentado ao grupo, apósa atividade na estufa. As educadoras conheceram as sementes mais diversas e levaram girassóis, abóboras, anis, tomates, feijões e muitas outras plantas para cultivar em suas escolas, comprometendo-se: enviar para o grupo fotos das futuras plantas. Gislaine Frota professora da EMEF Chico Mendes está construindo em sua escola a horta das horas, que em forma circular, possui para cada hora um chá especifico para uma parte do corpo. Com o banco de sementes ficou feliz, pois levou uma das plantas que faltava, a bardana.

A rede deve continuar

Na garagem do Casarinho – Comuna do Arvoredo – o momento de encerramento do curso foi espaço de partilha de percepções e de sentimentos. A coesão do grupo revelou um sentimento comum: continuar a rede de educadores ambientais e fortalecê-la.

Adriana Soletti, professora da EMEF Presidente Vargas, sugeriu que continuem os encontros entre os professores para se fazer uma rede e continuar discutindo idéias e fazendo mutirões. Ela também avaliou que é preciso transformar o pátio escolar em um ambiente agradável e saudável, a horta e as plantas nativas são uma opção. “Urge que as escolas mudem”, enfatizou a professora.

Os sentimentos citados foram vários, os educadores viram na oportunidade da formação um momento de incentivo, coragem, inspiração, renovação e generosidade.  O professor Ilson Pitinga da EMEF Lauro Rodrigues identificou o grupo com um objeto de ação definida, todos com vontade de se envolver e ir contra o fluxo de pensamento, dispostos a implantar a educação ambiental em suas escolas e desenvolvê-la. “Isso nos acende”, salientou.

Susane Hubner, também professora da rede municipal, sentiu coerência entre teoria e prática, no  InGá e na Arca Verde isso foi notável. Márcia Telles, monitora que também participou do curso, vai ao encontro da idéia e enxerga que irá conseguir transmitir a seus alunos o que aprendeu, somente após colocar em prática em sua própria vidas os ensinamentos que levam do curso.  Gislaine Frota complementa a idéia: “só se muda a escola quando se muda a si”.

O Curso

A formação teve seis momentos. Iniciou no dia 29 de agosto, com um encontro teórico. Nos dias 1º e 2 de setembro o grupo foi para o Instituto Arca Verde em São Francisco de Paula, aprender sobre técnicas de agroecologia e bioconstrução praticadas. Para a organizadora do curso da Smed, Andrea Ketzer Osorio, esse foi um dos momentos mais marcantes para os professores onde viveram os conceitos de permacultura e puderam perceber e sentir “outras maneiras de viver”.

No dia 12 de setembro, ocorreu mais um encontro teórico com os professores. O grupo se reuniu emummutirão no dia 15 de setembro, na EMEF João Satte, onde, conforme coloca Mateus Raymundo, se conseguiu concretizar um dos objetivos do curso, “o pátio de uma escola foi reinventado” e as professoras puderam aprender as técnicas da agricultura e colocá-las em prática.

E por fim, no dia 26 de setembro, o curso encerrou na sede do InGá, localizado junto da Comuna do Arvoredo no centro de Porto Alegre. Foram mais de 30 profissionais participantes. Mateus enxergou o curso como uma oportunidade de união entre pessoas que pensam e sentem parecido. “Esse curso serviu para a gente unir muitas pessoas comprometidas, gente acordando para recriar outra educação, alicerçada no trabalho de grupo, na experiência vivida, e na redescoberta do conhecimento simples, antigo e tradicional. A formação reuniu pessoas que estão engajadas em reinventar as escolas como um todo, e neste sentido, o que fizemos foi apresentar ferramentas e problematizar os fundamentos da coisa. Acreditamos que uma ferramenta muito importante é a permacultura e o fundamento muito poderoso para a mudança é a coerência. A sintonia fina entre o que somos/como agimos e a educação que praticamos nas escolas”.

Compartilhe:

Contribua com o InGá e o Movimento Ambientalista

Faça uma doação

ENDEREÇO

Rua Cel. Fernando Machado, 464. Centro Histórico - Porto Alegre/RS – Brasil
Caixa Postal 1057, CEP 90.001-970
(51) 3019-8402

inga@inga.org.br