InGá une homens e mulheres no debate sobre ecofemismo

  • Postado em 01/12/2011   por: Admin   Categoria:

InGá une homens e mulheres no debate sobre ecofemismo

Ecologia e feminismo – o que uma coisa tem a ver com a outra? Refletir e apontar caminhos para aliar estas duas frentes de luta foi objetivo do Biodiversidade em Foco realizado na última terça-feira (29) na sede do InGá, em Porto Alegre. O bate-papo liderado pela bióloga Cíntia Barenho (da Marcha Mundial de Mulheres e do Centro de Estudos Ambientais) durou cerca de duas horas e mobilizou @s participantes, que expuseram dúvidas, pontos de vista e inquietações sobre o tema.

Cíntia falou sobre a história e as três principais vertentes do ecofeminismo (clássico, espiritualista e construtivista), num debate que envolveu questionamentos sobre temas estruturais sobre a sociedade patriarcal e capitalista, que torna invisível a organização produtiva das mulheres, especialmente no que diz respeito ao trabalho doméstico e ao cuidado com a vida.

“Este sistema que a gente vive, capitalista e neoliberal, se alimenta da exploração das mulheres e da natureza,  para sua sobrevivência e manutenção do sistema”, ressaltou Cíntia, acrescentando que o ecofeminismo coloca a sustentabilidade com a vida e o bem-estar coletivo no centro da organização econômica e territorial.

Ou seja, a sustentabilidade não pressupõe apenas a produção de bens e serviços no mercado ou pelo dinheiro. Há toda uma dimensão da vida, que inclui o trabalho doméstico e o cuidado, que na perspectiva do ecofeminismo é o que sustenta a vida.

Em entre outras questões, o ecofeminismo questiona a visão tradicional de que vivemos num mundo entre o econômico e o não econômico, entre o que é trabalho e o que não é trabalho, de que existem pessoas que foram feitas para viver no âmbito privado (mulheres) e outras para estar na vida pública (homens).

Na avaliação feminista, esta é uma visão mal-intencionada, que tem como objetivo aprofundar as formas de opressão contra as mulheres. Além disso, o bate-papo também abordou a idealização da relação entre homens e mulheres no âmbito privado, no sentido de que existe uma visão de que as mulheres são naturalmente seres altruístas, movidas por uma fonte inesgotável de amor e cuidado. “Esse tipo de pensamento reforça a invisibilidade do trabalho das mulheres”, reforçou Cíntia.

Foram apontadas também várias aproximações entre a ecologia e o feminismo. Uma delas é que o sistema capitalista-patriarcal trata tanto a natureza como as mulheres como objeto de sua vontade consumista. Nesse sentido, tanto o resultado do trabalho dos ecossistemas quanto o trabalho doméstico das mulheres são considerados “externalidades”, ou seja, são desconsiderados por não serem quantificados monetariamente.

Os rapazes também deram a sua contribuição ao debate, principalmente no sentido de propor a ampliação de espaços de convivência entre homens e mulheres para debater questões de gênero.

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